- Vitrine de Curiosidades
Vitrine de Curiosidades /41
Gravura de Amadeo de Souza-Cardoso
Edifício de São Francisco | Memórias, 4 de outubro a 7 de novembro
A nova edição da mostra Vitrine de Curiosidades, patente de
4 de outubro a 7 de novembro na Sala Edifício de São
Francisco | Memórias, destaca uma gravura do celebrado
pintor Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918). Incontornável
figura vanguardista da Pintura em Portugal,
Amadeo de Souza-Cardoso retrata aqui um conceituado
médico urologista, natural do Porto, Óscar Moreno
(1878-1971), que em 1910 se encontrava a trabalhar em
Paris. Nessa época, o autor desta caricatura é apenas um
jovem acabado de chegar a Paris, com o objetivo de estudar
Arquitetura, mas que rapidamente fica deslumbrado com o
ambiente efervescente e emergente que as Artes Plásticas
atravessavam na altura nesta capital europeia. Na verdade, Amadeo de Souza-Cardoso acaba mesmo por conhecer e conviver com os grandes protagonistas dos movimentos de rutura da representação da Arte
Ocidental, como Picasso, Braque, Brancusi ou Modigliani, sendo que, com estes dois últimos, chega mesmo a apresentar os seus trabalhos em
exposição conjunta. O seu precoce desaparecimento, vítima de “pneumónica” ou gripe espanhola, não o impediu, porém, de ser reconhecido nos
meios mais vanguardistas da Arte, cujos ventos sopravam sobretudo na Europa e na Rússia. Em Portugal, o seu reconhecimento foi bastante tardio e
pouco compreendido, mas a voz de Almada Negreiros ergueu-se, com ironia e humor, a propósito da sua exposição de pintura em 1916, na Liga Naval
de Lisboa. O Mestre e futurista Almada Negreiros escreveu “Amadeo de Souza-Cardoso é a primeira Descoberta de Portugal na Europa do Século XX.
O limite da Descoberta é infinito porque o sentido da Descoberta muda de substância e cresce em interesse – por isso que a Descoberta do Caminho
Marítimo prá Índia é menos importante que a Exposição de Amadeo de Souza-Cardoso na Liga Naval de Lisboa.” Todavia, só com a exposição
Amadeo de Souza-Cardoso – Diálogo de Vanguardas, da responsabilidade da Fundação Calouste Gulbenkian, realizada em Lisboa, em novembro de
2006, se constitui uma equipa para o lançamento do catálogo raisonné, em dois volumes, o primeiro saído do prelo em 2007 e o segundo em 2008,
com a coordenação geral de Helena de Freitas.