Histórias de Viagens
Nau 'Príncipe Real'

A “Príncipe Real” foi uma nau de linha, ao serviço da Marinha Portuguesa, entre 1771 e 1822. Foi a mais poderosa nau de guerra portuguesa de sempre. A nau foi construída em 1771, no Arsenal Real da Marinha, em Lisboa, sob a direção de Manuel Vicente Nunes, sendo batizada como “Nossa Senhora da Conceição”. Oficialmente estava classificada como “nau de 80 peças”, no entanto podia montar até 110 canhões. Durante a sua carreira inicial, a “Nossa Senhora da Conceição” serviu como nau capitânia da Esquadra do Estreito, sob o comando do tenente-general José Sanches de Brito, assegurando a segurança da navegação no estreito de Gibraltar. Em 1794, a nau foi reformada e rebatizada “Príncipe Real”. O nome surgiu na sequência da nova política da Marinha Portuguesa de batizar os seus navios com nomes de personalidades históricas, mitológicas ou reais, ao invés de nomes de santos como era usual, até então. A “Príncipe Real” integrou a esquadra portuguesa, enviada para o Mediterrâneo em 1788 para auxiliar as forças navais britânicas do almirante Nelson. Até 1800, manteve-se no Mediterrâneo como nau capitânia do almirante, marquês de Nisa. Em 1807, a “Príncipe Real” partiu para o Brasil, como nau capitânia da esquadra que transportava a Corte Portuguesa. Sob o comando do capitão de mar e guerra Francisco José de Canto e Castro Mascarenhas, seguiam a bordo o comandante-chefe da esquadra, chefe de esquadra Manuel da Cunha Sotto-Maior e o próprio Príncipe Regente D. João. Por altura da independência do Brasil, em 1822, a Príncipe Real encontrava-se fundeada no porto do Rio de Janeiro. Foi, nessa altura, integrada na nova Marinha do Brasil, constituindo parte do seu núcleo inicial de navios. No entanto, como já não estava em condições de navegar, foi transformada em navio depósito. Este modelo pertence à Unidade de Gestão de Náutica e Aeronáutica do Museu de Angra do Heroísmo.